Queiroga gastou R$ 31 milhões do Ministério da Saúde com camisinhas em plena pandemia, aponta auditoria

 Queiroga gastou R$ 31 milhões do Ministério da Saúde com camisinhas em plena pandemia, aponta auditoriaUma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) apontou falhas no cálculo da demanda na aquisição de preservativos femininos pelo Ministério da Saúde, em 2020, quando o titular da pasta era o médico paraibano Marcelo Queiroga. A investigação apurou o desperdício de R$ 31,9 milhões com o produto, quando o mundo enfrentava a pandemia de Covid-19 e o dinheiro poderia ter sido utilizado no combate à doença.

A licitação que previa a compra de 10 milhões de camisinhas para mulheres pelo Ministério da Saúde chegou à assinatura de três contratos para fornecimento do material. De acordo com a CGU, a efetivação de dois desses contratos era desnecessária, porque “o estoque existente de 8.522.300 preservativos femininos em látex foi suficiente para atender a demanda por mais de 12 meses”. Essa movimentação custou R$ 31,9 milhões em desperdício.

A empresa Precisa Comercialização e Medicamentos, uma das fornecedoras de camisinhas, chegou a ser investigada na CPI da Covid no Congresso Nacional por suspeita de irregularidades nas tratativas com o Ministério da Saúde para obtenção da vacina indiana Covaxin. O contrato acabou cancelado, e a empresa foi multada.

De acordo com o entendimento da CGU, as notas técnicas do Ministério da Saúde afirmavam que “a cobertura estimada com o estoque então existente, de 8.522.300 unidades de preservativos femininos em látex, seria ‘até dezembro de 2020, em média’”.

Foi solicitada então a celebração do contrato com a Precisa Comercialização de Medicamentos e a Injeflex Indústria e Comércio de Dispositivos, ambas representando empresas estrangeiras licitadas. Em janeiro de 2021, a Precisa entregou o primeiro lote dos preservativos e, em maio, a Injeflex fez o mesmo.

“No entanto, os preservativos adquiridos por meio do Contrato nº 316/2020 somente começaram a ser distribuídos para atender a um pedido de 27.10.2021, após mais de nove meses do primeiro recebimento de 500 mil unidades (15.01.2021), e que essa distribuição foi de apenas 10.800 preservativos em 2021. Registre-se que o MS poderia ter atendido a tal pedido com o estoque ainda existente no almoxarifado”, observou a CGU.

Já os preservativos femininos distribuídos por todo o ano de 2021, no total de 7.916.200, segundo apurou a fiscalização da CGU, “ainda foram do estoque remanescente do Contrato nº 152/2019, também firmado com a empresa Precisa”. O órgão de fiscalização apontou que os preservativos previstos no contrato firmado em 2020 só começaram a ser efetivamente distribuídos em 2022.

Pandemia
A equipe da CGU ressaltou que os recursos gastos de forma desnecessária poderiam ter sido utilizados no tratamento da Covid-19, uma vez que a licitação ocorreu no auge da pandemia. “A soma dos valores totais estimados dos Contratos nº 316/2020 e nº 317/2020 perfaz o total de R$ 31,5 milhões, sendo que a soma dos valores efetivamente pagos nesses contratos foi de R$ 31.901.048,80. Esse valor que foi efetivamente gasto na compra de dez milhões de preservativos femininos em látex equivaleria, por exemplo, a 19.938 diárias de leitos de UTI Covid”, apontou.

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